12 de dezembro de 2015

Sobre semeaduras...


Dona Sofia é uma simpática senhora, professora aposentada, que sempre gostou muito de ler, especialmente poesias. Ela conhecia muito bem as sensações e emoções que as palavras dos poemas podem despertar no coração de cada um. O que dona Sofia mais gosta de fazer agora é cultivar flores para vender na cidade (e assim complementar sua renda), e claro, mergulhar num bom livro.


Sua casa era diferente de todas as outras. Tinha paredes decoradas com poesias, escritas à mão por ela, com sua bela caligrafia. Havia versos por toda a casa... Ela acreditava que, desta forma, deixava vivo cada pedacinho de emoção que sentira a partir dos poemas lidos.
Os anos foram passando e um belo dia ela percebeu que não havia mais espaço para escrever. O que faria, então? Não queria deixar as poesias escondidas nos livros... E ela resolveu fazer cartõezinhos poéticos decorados com as flores que cultivava para distribuir a cada morador da cidade.
Para isso contou com a ajuda de Seu Ananias, o único carteiro daquele lugar e que fazia isso com muita alegria.


Seu Ananias ficava encantado com a casa de Dona Sofia assim, repleta de poesias!


Ele entregava as correspondências todos os dias e num belo dia foi surpreendido por um cartão com o seu endereço. Onde já se viu? Carteiro receber carta! - pensou.
Neste cartão estava o poema "Meus oito anos", de Casimiro de Abreu. Ahhhhh, Seu Ananias ficou deslumbrado! Lia e relia várias vezes aquele poema... A partir daí, recebia constantemente cartões de Dona Sofia e ficava cada vez mais interessado e encantado. 


Num belo dia de trabalho, Seu Ananias começou a observar as pessoas da cidade e percebeu algo diferente: todos da cidade liam poesias! E não foi só isso! Aquele momento mexeu tanto com as emoções de Seu Ananias que ele fez algo muito especial...

***
André Neves, como sempre, nos presenteia com seus livros, mas este, para mim, se tornou muito especial! Daqueles livros que você lê, suspira, abraça... Maravilhoso!
Eu já tinha o hábito de escrever poesias pela minha casa e de presentear pessoas com cartõezinhos poéticos, por isso me senti um pouco "Dona Sofia", e este livro me emocionou tanto, mas tanto que nunca mais deixo de fazer isso. Semearei poesias por onde e como eu puder, sempre!

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A caligrafia de Dona Sofia, texto e ilustrações de André Neves, Editora Paulinas.
Recebeu o selo Acervo básico FNLIJ 2007.

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